O Secretario provincial da UNITA no
Cuando Cubango, realizou na tarde desta quinta-feira 29 de Dezembro do ano em
curso, a cerimónia de cumprimento de fim de ano, que teve lugar nas instalações
do Secretariado Provincial do Galo Negro.
Durante a sua intervenção, o número 1
dos Maninhos nesta parcela do País, apelou aos partidos concorrentes, para que
façam valer os seus argumentos, para convencer o eleitorado.
“Estando no fim o ano 2016, vimo-nos obrigados a estar diante
de vós para de um lado balancearmos o ano que ora termina e do outro falarmos
um pouco da nossa grandiosa província do Cuando Cubango em várias vertentes,
desde a social, económica e política.
Entretanto antes de entrarmos em profundidade desta nossa
comunicação hoje, quero de uma forma fraterna e cordial apresentar os meus
cumprimentos a todos aqui presentes, esperando que o Natal tenha corrido bem e
que as festividades do ano novo não fujam a regra, observando sempre o respeito
pelos outros na base da boa convivência e exemplar exercício da cidadania.
Quanto ao ano de 2016 foi um ano que marcou os angolanos
profundamente por causa de vários fenómenos que assolaram a sociedade angolana
em geral e a sociedade do Cuando Cubango em particular com maior destaque a
crise económica - financeira derivada da má gestão dos fundos públicos por
parte do Partido que nos Governa actualmente.
Ainda este mesmo ano marca-me pessoal e satisfatoriamente
pelo facto de ser o ano em que nos juntamos a vós na qualidade de Secretário
Provincial da nossa grande UNITA aqui no Cuando Cubango, facto este que leva-nos a reflectir de onde viemos, como
estamos hoje e para onde vamos; assim sendo importa referir que neste capítulo
tenho muito a agradecer a hospitalidade a que me proporcionaram e claramente
também a colaboração, entrega, companheirismo, camaradagem e espírito de missão
que tem caracterizado todos os quadros da Província e dos demais Municípios com
as suas respectivas comunas, povoações e aldeias por onde passamos.
Outrossim, ainda neste mesmo ano, podemos verificar com muita
tristeza a situação social que caracteriza a nossa Província que se pode
descrever lastimável e até certo ponto catastrófica porque agudizaram-se os
problemas sociais que passam pela débil situação sanitária na nossa Província
onde os hospitais transformaram-se em meras instituições decorativas onde os
pacientes que buscam os serviços daquelas instituições saiem de lá
completamente desesperados porque não conseguem assistência medicamentosa ante
o olhar impávido e impotente dos médicos e outros profissionais da saúde,
situação esta que deixa o nosso sistema de saúde mais doente que os próprios
doentes (passe a redundância).
O sistema da educação não foge a regra porque, segundo
relatos das populações e de certa forma confirmados pelas autoridades
governamentais nos seus variados pronunciamentos públicos, a todos níveis nos
demonstram o quanto elevados são os números de crianças fora do sistema de
ensino, facto este que nos preocupa sobremaneira porque em nosso entender só
uma sociedade educada e instruída pode garantir o bem estar e o desenvolvimento
da mesma. Entretanto para lá da falta de escolas em alguns casos, em outros
onde elas existam a qualidade de ensino deixa muito a desejar porque hoje em
dia verificamos que alunos que se dizem terminar o ensino médio nem escrever em
condições conseguem e isso só por si é um indicador claro de que o ensino de
base e secundário não tem sido exigente o suficiente para que se melhore a
qualidade de ensino; dissemos isso porque entendemos que o problema só se
ultrapassará quando tivemos qualidade garantida nestes níveis a que nos
referimos.
Ainda na senda da educação, entendemos que é preciso garantir
aos professores um salário digno do seu papel e sobretudo para o nosso caso
observar com rigor a adjudicação dos subsídios de risco e de isolamento por causa dos professores
espalhados pelas aldeias a dentro, onde não há condições atractivas para o
desempenho do papel de professor que passam por residências condignas para os
professores, fácil mobilidade e alcance da áreas de difícil acesso, isso só
para citar alguns exemplos, porque o que se verifica na pratica, com a ausência
destas mínimas condições os professores não encontram motivação suficiente para
o exercício da sua profissão e ficam pouco tempo nestas áreas de difícil
acesso, acabando dando aulas dois a três dias por semana prejudicando desta
forma as crianças na sua formação qualitativa.
No que tange ao fornecimento e distribuição de energia
eléctrica e água, a nossa província também encontra-se num estado preocupante a
medida em que esses bens de primeira necessidade não estão garantidos nem na
plenitude para os que têm tal privilégio de se beneficiarem do mesmo, como
também nem todos cidadãos estão abrangidos. Por exemplo a nível de Menongue,
temos bairros como o Paz, 4 de Abril, São Paulo, São José entre outros, que não
têm água potável nem energia eléctrica garantidas aos cidadãos, o que denota
algum índice de discriminação, que é proibida inclusive por lei, a medida em
que, perante a lei somos todos iguais e a constituição da República de Angola
nos dá garantias de tratamento igual sem qualquer tipo de discriminação. Citei
aqui como exemplo a cidade de Menongue, mas este problema é extensivo a todos
outros Municípios da nossa Província, já que, o âmbito da sua debilidade é
estrutural e os grupos geradores existentes não garantem resposta eficiente a
procura, facto este que obriga aos cidadãos a recorrerem aos geradores
individuais que muitas vezes acabam
provocando acidentes graves aos mesmos que verdade seja dita nem todos estão
tecnicamente preparados para manusearem os respectivos geradores no caso da
energia eléctrica, mas também ouvimos relatos recorrentes de perdas de vidas
provocadas por afogamentos em cacimbas, uma outra forma alternativa encontrada
pelos cidadãos na busca de terem água por perto das residências.
No quadro da segurança dos cidadãos e prevenção da
criminalidade, importa referenciarmos aqui o brilhante trabalho que tem sido
desencadeado pela Polícia Nacional no seu dia-a-dia a nível da nossa Província,
facto este que ficou uma vez mais espelhado durante a quadra festiva e avaliado
por todos os cidadãos atentos no balanço operativo apresentado aos órgãos de
Comunicação Social pelo Porta Voz do
Comando Provincial da Polícia Nacional aqui na nossa Província.
No quadro económico, a situação da nossa província é
caracterizada como preocupante à medida que, os efeitos da tão propalada crise
económica - financeira fazem-se sentir de forma profunda nas populações,
causando desta forma a escassez dos bens da cesta básica, elevando a taxa de
desemprego muito mais reinante na juventude, podendo também assistir aos
atrasos salariais constantes para os poucos habitantes que auferem algum
salário, tendo como base os dados do Censo 2014, que apontam para 534.002
habitantes que a nossa província tem e a população empregada deste universo de
cidadãos.
Ainda no quadro da economia temos estado a assistir nos últimos tempos mais concretamente desde
Junho do ano em curso um movimento que consideramos violento no abate das
árvores, e que se diga sem a respectiva reposição, para fins exploratórios de
madeira aqui na nossa província.
Este movimento preocupa-nos porque primeiro, pela dimensão,
com certeza que é atentatória contra o meio ambiente e aqui queremos apelar
para os prejuízos que este abate de árvores pode criar a médio prazo ao meio
ambiente, proporcionando desta feita condições nocivas a saúde pública. Porém
não obstante esta actividade ter ganho proporções alarmantes, não se faz sentir
em nada o retorno para benefício dos cidadãos do Cuando Cubango o que é deveras
preocupante. Reconhecemos desde já as potencialidades de recursos que a
província do Cuando Cubango tem, desde o domínio florestal, hídrico, mineral,
da fauna e o recurso mais importante que é o humano; mas isso não nos pode distrair
nem nos acomodar como se tais recursos fossem vitalícios. Para todos eles
precisamos ter o cuidado na preservação dos mesmos e no bem-estar das futuras
gerações.
Continuando no quadro económico, verificamos até aqui embora
de forma tímida o abate dos elefantes e rinocerontes na nossa província para
fins comerciais e, esta actividade é também prejudicial a nossa fauna a ponto
de ter já um enquadramento legal-criminal então, apelamos aos órgãos
competentes para que se tomem medidas atinentes a evitar estas práticas.
No domínio político, o ano de 2016 caracterizou-se na nossa
província como muito preocupante por não se observar rigorosamente o respeito
pelas diferenças, o espírito da reconciliação nacional, a preservação da paz e
o exercício livre da cidadania.
Houve muitos actos de intolerância política praticados por
partidários bem identificados cuja impunidade tem sido o seu único destino o
que mina claramente o ambiente político que se avizinha mais exigente e
dinâmico dadas eleições que teremos no próximo ano. Daí que precisamos de todas
as forças vivas do país representadas na nossa província a capacidade
dialogante e de tolerância bem patentes no seu dia-a-dia para nos proporcionar
um ambiente sadio e democrático apropriados a luz da Constituição da República
de Angola.
Também podemos
observar neste ano de 2016 o arranque do processo de actualização do registo
eleitoral numa primeira fase e por conseguinte o registo de novos eleitores que
tenham adquirido capacidade eleitoral através da maioridade, facto este que nos
deixou satisfeitos já que reflecte o cumprimento de um preceito constitucional
que é a garantia cíclica e regular da
realização de eleições gerais no nosso país. Entretanto neste mesmo processo
podemos verificar várias irregularidades que fomos pontualmente denunciando aos
órgãos competentes para que tenhamos uma garantia de lisura do mesmo até porque
pelas referencias anteriores seria bom não repetirem-se os mesmos erros.
Os angolanos, para 2017 estão esperançosos em ter um
resultado eleitoral que reflicta a vontade do soberano povo e que afaste todas
as tendências fraudulentas como as do passado.
Para isso é preciso que haja responsabilidade, honestidade e
sentido de estado dos órgãos que estão a conduzir este processo para que no
final saia Angola a ganhar.
O tempo das artimanhas para a manutenção do poder a todo
custo acabou.
Os angolanos querem mudança e os
partidos políticos concorrentes façam valer os seus argumentos para convencer o
eleitorado, e a UNITA está engajada aqui no Cuando Cubango em particular e no
País a dentro em geral para que efective a vontade dos angolanos de
proporcionar a tão almejada mudança; uma mudança responsável, inclusiva, sem
ressentimentos, cujo foco principal são os angolanos.
Para terminar, quero a partir deste palanque apelar a todos
cidadãos angolanos que ainda não fizeram o seu registo eleitoral, a fazerem-no
porque, para 2017 todos somos parte da solução”.